segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Morrer de Amor



Morrer de amor

Você sabe o que é amor?
Sabe o que é se sentir amado?
Se perder de amor
Pra então conseguir achá-lo?


Fala-se tanto em amor
O padronizam dizendo “eu te amo”
Como algo tão avassalador
Pode ser deixado em segundo plano?


Ao invés de falar, temos que agir
O amor não se diz, ele se faz
Se espalha, se sente e se faz sentir
O passado e o futuro não importam mais


Se você ainda não o encontrou
Corra, depressa, não tente se esconder
Pois a vida apenas tem valor
Se morremos de amor pra tentar reviver

(Ana Carolina Aleixo Lima)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

LOUCURA



Loucura
Ana Carolina Aleixo Lima


 
     Acho que sou um tanto quanto louca. Mas não é aquela loucura tradicional que conhecemos. Sofro da loucura do novo século.

     Hoje em dia, uma pessoa que é simplesmente feliz, mesmo sem motivos concretos, mesmo sem precisar ter um carro do ano ou roupas de marca é, no mínimo, estranha.

     Uma pessoa que se sensibiliza com o sentimento dos outros, que busca sempre ajudar, que chora com facilidade é, no mínimo, fraca.

     Uma pessoa que tem sonhos de infância que não se deixaram apagar pelo tempo, que dança, canta e ri sem hora certa, que acredita no amor, nas pessoas, no futuro e na mudança é, no mínimo, alienada.

     Uma pessoa que ajuda um "velhinho" a atravessar a rua ou um "ceguinho" a pegar um ônibus, que trata desde o garçom até o chefe com a mesma simpatia e respeito quer, no mínimo, aparecer.

     Uma pessoa que esquece dos problemas quando vê o sorriso de uma criança, uma borboleta saltitando entre as flores ou um cachorrinho andando pela rua é, no mínimo, boba.

     Valorizar e amar a família acima de tudo, os amigos e, ainda assim, pedir pela felicidade daqueles que não nos querem bem é, no mínimo, caretice.

     Falar de Deus então..........chatice na certa.

     É o tempo da vida corrida. É o tempo em que as pessoas acham mais fácil falar mal de quem não conhecem do que ter o trabalho de desvendar o universo de cada ser humano, cada qual especial de seu jeito.

     É o tempo de não se apegar para não parecer carente ou vulnerável. De fugir dos sentimentos para não se machucar. De contar vantagem... de mentir pra si mesmo.

     É o tempo da publicidade, em que cada um se cria como um produto e vende uma imagem do que gostaria de ser, do que os outros gostariam que fosse mas nunca do que realmente é.

     Então......se sou louca? Para os outros posso ser sim... mas não seria o inverso, talvez? Como diz a música "mas louco é quem me diz....e não é feliz".

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Analfabeto Político



Um de meus textos preferidos, do comunista Bertolt Brecht, muito útil para esta época de eleições. Não devemos nos corromper, em hipótese alguma, nem dar as costas à situação política-econômica-social que nos cerca.



O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos - aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.


Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.


Confere tudo
ponto por ponto
afinal, você faz parte de tudo,
também vai no barco,
também vai pagar o pato
vai pegar no leme um dia.


Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.


Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.


Você não será ouvinte diante da discussão,
não será cogumelo de sombras e bastidores,
não será cenário para nossa ação


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ABENÇOADOS OS QUE POSSUEM AMIGOS



Machado de Assis, com esse texto, conseguiu captar a essência da palavra amizade e a bênção que isso representa em nossas vidas. Muitas vezes não damos à amizade o valor devido. Na verdade, é o sentimento que sustenta tudo. Uma família na qual uns não são amigos dos outros, não é família. Um relacionamento amoroso em que o casal não é amigo, na verdade é uma prisão regada a carências, dependência psicológica e material. Tudo, sem amizade, não faz sentido. É sempre bom refletir sobre isso.


Abençoados os que possuem amigos,
os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

NAS ÁGUAS DO AMOR



O amor é água pura
Límpida, fresca, cristalina
Na qual encharco minha vida escura
E vejo refletida a minha sina

Sejam profundas como as de um oceano
Cujo sal vem meu sorriso temperar
Riacho doce, onde derramo meu pranto
E vejo as lágrimas a ele se misturar

Sem os dois nós não vivemos
Eles que vêm nos saciar
Os dois se espalham com o vento
E o tempo faz tudo secar

E então eu perco o orgulho
Não vou mais escrever nem falar
Apenas nas águas do amor mergulho
E vou bebendo até me afogar

Ana Carolina Aleixo Lima

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SAUDADES - CLARICE LISPECTOR



Hoje, dia 23 de setembro, é aniversário da minha mãe....a primeira flor da primavera, como costumava dizer sempre. É o 1º aniversário que passo longe dela, ela no Rio e eu em Brasília. Escrevi-lhe um cartão, que infelizmente (e felizmente, ao mesmo tempo) só vou entregar amanhã...e anexei esse texto aqui de baixo. Talvez um dos que mais conseguem exprimir o significado da palavra "saudade". Saudade dói, dói muito. Mas é sinal de que se ama, isso serve um pouco de consolo.

Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas

que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector

RECOMEÇAR


Recomeçar

De fato, recomeçar
É o mais perfeito ato de ousadia
De quem sabe que para viver e amar
É preciso renascer a cada dia

E viver o dia como se fosse o último
E apreciá-lo como se fosse o primeiro
Pois cada instante, neste mundo, é único
Pra tudo há chance, pra tudo há outro jeito

Embora o tempo possa ser rude
E o seu efeito possa ser cruel
Sem esperança não há o que se mude
Como não há o sol sem existir o céu

Pois que o sol ilumine e em todo o sempre aqueça
A liberdade e o sonho que não tem preço
E que, ao percorrer a estrada, nunca se esqueça
De que, para tudo, existe um recomeço


Ana Carolina Aleixo Lima