quarta-feira, 29 de setembro de 2010

LOUCURA



Loucura
Ana Carolina Aleixo Lima


 
     Acho que sou um tanto quanto louca. Mas não é aquela loucura tradicional que conhecemos. Sofro da loucura do novo século.

     Hoje em dia, uma pessoa que é simplesmente feliz, mesmo sem motivos concretos, mesmo sem precisar ter um carro do ano ou roupas de marca é, no mínimo, estranha.

     Uma pessoa que se sensibiliza com o sentimento dos outros, que busca sempre ajudar, que chora com facilidade é, no mínimo, fraca.

     Uma pessoa que tem sonhos de infância que não se deixaram apagar pelo tempo, que dança, canta e ri sem hora certa, que acredita no amor, nas pessoas, no futuro e na mudança é, no mínimo, alienada.

     Uma pessoa que ajuda um "velhinho" a atravessar a rua ou um "ceguinho" a pegar um ônibus, que trata desde o garçom até o chefe com a mesma simpatia e respeito quer, no mínimo, aparecer.

     Uma pessoa que esquece dos problemas quando vê o sorriso de uma criança, uma borboleta saltitando entre as flores ou um cachorrinho andando pela rua é, no mínimo, boba.

     Valorizar e amar a família acima de tudo, os amigos e, ainda assim, pedir pela felicidade daqueles que não nos querem bem é, no mínimo, caretice.

     Falar de Deus então..........chatice na certa.

     É o tempo da vida corrida. É o tempo em que as pessoas acham mais fácil falar mal de quem não conhecem do que ter o trabalho de desvendar o universo de cada ser humano, cada qual especial de seu jeito.

     É o tempo de não se apegar para não parecer carente ou vulnerável. De fugir dos sentimentos para não se machucar. De contar vantagem... de mentir pra si mesmo.

     É o tempo da publicidade, em que cada um se cria como um produto e vende uma imagem do que gostaria de ser, do que os outros gostariam que fosse mas nunca do que realmente é.

     Então......se sou louca? Para os outros posso ser sim... mas não seria o inverso, talvez? Como diz a música "mas louco é quem me diz....e não é feliz".

2 comentários:

  1. Linda! linda!
    É vc mesmo! pura e bela e acima de tudo feliz!
    Te amo,

    Raquel

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  2. É por isso, Aninha, que a gente se entende tão bem. Me vi muito no seu texto ;)

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